
Há 10 dias que há um corpo em São Jorge à espera que lhe seja realizada a autópsia, decretada pelo Ministério Público.
A denúncia partiu da deputada do CDS-PP Açores Catarina Cabeceiras, que alega que situações deste género são recorrentes.
“Existe um corpo em São Jorge que aguarda, desde o passado dia 24 de julho” pela realização de uma autópsia solicitada pelo Ministério Público, e a autoridades de saúde não têm qualquer previsão de data ainda para a sua realização, “impondo maior desespero e sofrimento à família enlutada”, fez saber a parlamentar democrata-cristã.
Em entrevista à RL Açores, Catarina Cabeceiras considerou mesmo a situação “inadmissível”.
A deputada do CDS-PP Açores lamenta que situações como esta sejam recorrentes na ilha e aponta o dedo ao Governo Regional.
“É necessário aguardar a chegada à Ilha de São Jorge de um profissional de saúde para realizar a referida autópsia”, e que “é recorrente a demora na realização dessas autópsias, uma vez que não existem profissionais especializados nesta área a exercer essas funções”.
“Muitas vezes, esta demora não se coaduna com o sofrimento que a família vive nestes momentos, e recorrentemente não existe sequer qualquer tipo de previsão para a realização da autópsia e consequente libertação do corpo para efeitos das cerimónias fúnebres”, lembra a Deputada do CDS-PP.
Catarina Cabeceiras considera que a situação é mesmo desumana para com os jorgenses, realçando ainda estar a par de que a responsabilidade das autópsias é do Instituto Nacional de Medicina Legal, mas que mesmo assim o Governo tem envidar esforços de garantir respostas atempadas a situações deste género.
A Deputada do CDS-PP lembra que, “em agosto de 2014, foi tornado público que existia nos Açores cerca de uma dezena de médicos com formação em medicina legal, capacitados para realizar autópsias, seis em São Miguel e quatro na Terceira” e que, “naquela data, o então Secretário Regional da Saúde anunciou publicamente que iriam existir cursos de formação, para habilitar mais médicos, no âmbito de um protocolo a estabelecer entre o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) e o Governo Regional, que já não era atualizado desde o ano 2000”.
Catarina Cabeceiras refere ainda que, “segundo foi proferido pelo então governante, ‘este curso vai permitir que os médicos das Ilhas mais pequenas o possam frequentar, porque será dado por módulos, com várias deslocações dos formadores à Região, evitando-se desta forma que os médicos fiquem sem dar consultas nas suas ilhas durante dois meses’”, pelo que interpela o executivo socialista sobre “quantos médicos existem, atualmente, na Região (discriminados por ilha e unidade de saúde) habilitados e a exercer esta função?” e “qual a data para a realização da formação para habilitar mais médicos na Região, no âmbito do protocolo entre o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) e o Governo Regional?”.
Questionado pela RL Açores, o Delegado de Saúde de São Jorge, César Gonçalves, esclareceu que apesar da Unidade de Saúde não ter responsabilidades diretas nas autópsias, a questão prende-se única e exclusivamente com a falta de lugares nos voos da SATA para que possa vir à ilha um médico legista.
César Gonçalves adianta ainda que deveria ter-se realizado um curso de medicina legal no Faial, sendo que haviam dois médicos de São Jorge disponíveis para o fazer, mas que o mesmo não chegou a acontecer.
Liliana Andrade/RL Açores/GI CDS-PP Açores